A desinfeção de pavimentos é um tema polémico, bastante discutido por parte de profissionais da área de tratamento de edifícios, e que adquiriu especial relevância durante os últimos anos devido à questão pandémica. A resposta mais adequada para esta pergunta será que “depende do nível de risco da área em questão”. Em locais críticos quanto ao risco de infeção microbiológica, tais como determinados serviços hospitalares (por exemplo, blocos operatórios), alguns tipos de laboratórios ou em determinados ambientes industriais extremamente asséticos, incluir a desinfeção no processo de limpeza dos pavimentos é importante, seja pela criticidade dos processos, seja mesmo por imposição dos protocolos específicos desses processos.
Na generalidade dos restantes locais a mais-valia proporcionada pela desinfeção do pavimento é pouco relevante, até porque uma eficaz lavagem do pavimento permite, por si só, uma importante redução no número de microrganismos presentes. Neste ponto é importante distinguir entre lavagem e desinfeção. Por lavagem entende-se a remoção de determinada matéria – sujidade – de uma superfície onde não pertence. A desinfeção corresponde ao processo de reduzir para um nível seguro os microrganismos capazes de provocar infeções, como bactérias ou vírus.
Para além disso, neste âmbito, é essencial reforçar a importância da lavagem das superfícies, incluindo para os procedimentos de desinfeção. A eficácia dos produtos desinfetantes depende, entre outros fatores (tais como o tipo de microrganismo, concentração do produto e tempo de contacto), das condições em que se encontra a superfície, ou seja, condições de limpo ou de sujo. Assim, para serem eficazes, os desinfetantes necessitam que as superfícies estejam previamente limpas, exigindo uma higienização em dois passos: lavagem seguida de desinfeção. Já os detergentes desinfetantes permitem ultrapassar este constrangimento operacional, uma vez que possibilitam a execução de ambas as tarefas num só passo.
A aplicação nos pavimentos de produtos desinfetantes, tipicamente á base de quaternários de amónio, peróxido de hidrogénio ou cloro, entre outros princípios ativos, deve ser realizada com especial cuidado, uma vez que muitos materiais são sensíveis a estas substâncias e podem ser irremediavelmente danificados. É fundamental consultar as recomendações do fabricante do pavimento antes de aplicar o desinfetante.
O tempo de contacto é outro fator crucial para a eficácia de um produto desinfetante (seja ele simultaneamente detergente ou não) e tem um grande impacto nas operações de desinfeção de pavimentos, em particular quando são realizadas com meios mecânicos como autolavadoras. Nestes casos, é necessário garantir que é utilizado o método de limpeza indireto, ou seja, primeiro aplica-se a solução desinfetante no pavimento e realiza-se a esfrega, apenas se procedendo ao enxaguamento e secagem do mesmo após o cumprimento do tempo de contacto necessário.
A limpeza eficaz do pavimento, incluindo ou não a sua desinfeção, implica frequentemente o recurso a meios mecânicos, de modo a facilitar a tarefa e potenciar os seus resultados. Assim, sempre que adequado, a utilização de autolavadoras nestas operações é bastante benéfica, não só pela maior ação mecânica e capacidade de aspirar a água suja, como pela possibilidade de utilização de discos de limpeza, designadamente discos diamante.
Para além da economia de recursos e acréscimo de sustentabilidade que proporcionam (são utilizados apenas com água, sem recurso a produtos químicos), a utilização de discos Twister na limpeza de pavimentos permite a obtenção de melhores resultados, incluindo no que diz respeito à diminuição da quantidade de microrganismos. De facto, de acordo com o estudo Evaluation of a cleaning method – A study of floor cleaning with Twister cleaning pads at Danderyd Hospital, elaborado pelo IVL – Swedish Environmental Research Institute em 2010, a limpeza em áreas hospitalares com máquina autolavadora equipada com discos Twister e utilizando apenas água, revelou-se mais eficiente na redução do número de bactérias existentes no pavimento do que a utilização do método tradicional com disco de limpeza e produto químico.
Devemos ainda ter em conta que, para assegurar que a desinfeção do pavimento possa constituir um acréscimo na segurança do processo, é necessário garantir que os circuitos de entrada nas zonas críticas sejam segregados através da introdução de barreiras eficazes que evitem a sua contínua contaminação.
Em resumo, em primeiro lugar deve ser realizada uma avaliação cuidada da efetiva necessidade de desinfeção do pavimento em função do nível de risco de infeção microbiológica na área em questão. Caso se conclua que a desinfeção é exigível e adequada, o produto e método a utilizar devem ser bem ponderados, para que seja possível obter o resultado pretendido de um modo operacionalmente viável e seguro para os pavimentos e para as pessoas que os utilizam.